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EM BAIXO, PARA TODOS OS AFICIONADOS PELO COLECIONISMO DE MINIATURAS, FICA UM POUCO DE HISTÓRIA SOBRE COMO ESTA ARTE NASCEU. À ESQUERDA, PODERÃO VER IMAGENS DE ALGUNS DOS MODELOS DA MINHA COLEÇÃO ( SEMPRE EM EXPANSÃO ).

ESPERO QUE GOSTEM.

 

O surgimento do ato de colecionar miniaturas de automóveis não é preciso. Fontes diversas indicam como mais provável, a virada entre os séculos XIX e XX. Esta hipótese é bastante razoável pois, coincide com o surgimento e o início da utilização do automóvel. Sendo assim, os pequenos carros teriam despertado na elite da sociedade européia, os mesmos sentimentos de status que as máquinas reais. Logo, nobres europeus, foram os precursores dos colecionadores atuais. Eles colecionavam modelos caros, rudes e anarquizados. Longe do processo de industrialização, as miniaturas em metal eram confeccionadas artesanalmente e sem preocupações técnicas de qualquer natureza (escala, detalhes etc...).
Quanto ao possível pai do colecionismo die-cast, existem fortes indícios que conduzem ao Sr. Charles O. Dowst. Segundo SEELEY (1971), ele e seu irmão Theodore Samuel, eram proprietários de um jornal, o National Laundry Journal e, provavelmente, visando melhorias na linha de edição deste periódico, visitaram em 1893 a World’s Columbiam Exposition na cidade de Chicago. Nesta exposição tiveram contato com uma nova máquina chamada Line-O-Type. Tal aparelho possivelmente era um kit que além atuar na impressão de folhas, também confeccionava seus próprios tipos utilizados nas prensas editorias. Anos após a aquisição de tal maquinário, Charles vislumbrou outras aplicações para ele. Foi assim que se utilizando de uma adaptação feita na máquina que confeccionava os tipos para a prensa Line-O-Type, instituiu uma linha de produção de miniaturas bidimensionais em metal, onde primeiramente, produziu várias coisas que iam de botons a peças para jogos. Após esta experiência, já em 1911, faz a primeira miniatura tridimensional. Surge assim a rústica e famosa “réplica” de Limosine. Só em 1914 é que apareceria o primeiro autêntico die-cast model, o Ford Modelo T.
Outra fonte de explicação para o Die-cast Hobby, é que as miniaturas teriam sido produzidas como ferramenta didática para militares e construtores de ferrovias, que as utilizaram como peças para maquetes. Estes pequenos trens e peças militares eram confeccionados na escala 1:43. Com o passar do tempo, os colecionadores pioneiros, ainda da elite, passaram a adquirir estas peças construídas originalmente para maquetes, pois, elas eram mais bem elaboradas e tinham certa padronização de tamanho (escala). Nascia assim, a escala mais clássica do hobby, à 1:43.

 

No novo século XX, durante a década de 10, surgem os primeiros fabricantes industriais de miniaturas. O primeiro fabricante europeu, a Bing, elaborou o clássico e valioso modelo Renault. Sua concorrente, a Guntermann, confecciona a miniatura do carro vencedor do Rali Paris-Berlim. Estas miniaturas eram semi-artesanais confeccionadas
em folhas de estanho e pintadas a mão, como quase todas desta aurora dos modelos em metal. Eram os modelos denominados Tin Plate. A confecção dessas miniaturas gerava um alto custo, que as tornava caras, o que mantinha o hobby como sendo elitista. Apesar de avanços, os modelos de metal desta época ainda eram bastante anárquicos em relação ao tamanho. Já na América, os primeiros modelos foram fabricados pela famosa Tootsietoys (sucessora da Metal Novelties criada pelos Dowst em 1904), e podem ser considerados os primeiros die-cast models, sendo atualmente, os seus raros modelos, extremamente valorizados.
Nos anos 20, com o desenrolar da era industrial, tornou-se inviável o modo de confecção artesanal, pois, ele inviabilizava as vendas das miniaturas devido ao custo final. A necessidade de produzir mais rápido e a baixos custos induziu, a primeira grande mudança no hobby, que foi, a elaboração de uma linha de produção em larga escala de modelos Cast Iron (de liga férrea) como são denominados os die-cast primitivos por MILLER (2006). Isto estabeleceu mudanças nos próprios modelos, tais como: limitação e padronização do tamanho dos modelos através da aplicação de uma escala fixa (o que facilitou a organização das coleções, diminuindo o anarquismo de tamanho), diminuição do tempo de confecção e preço e aplicação de uma melhor tecnologia adquirida com os avanços da metalurgia após a 1ª Grande Guerra. Estava decretado o início do fim do elitismo no Die-cast Hobby.

 

Na década de 30, um maior avanço na ciência da metalurgia, resultou no aparecimento do ZAMAC. Este composto metálico de formulação variada (uma liga que pode conter zinco, alumínio, magnésio, cobre, estanho etc...), constitui-se na segunda grande mudança no hobby. Ele neste período, ainda apresentava uma formulação primitiva, o que fez muitos dos primeiros modelos confeccionados em ZAMAC racharem ou quebrarem. O surgimento de
modelos confeccionados em material mais resistente e moldável que as folhas de estanho, sugere o batismo do hobby como die-cast. Die-cast pode ter inúmeras traduções, algumas mais ao pé-da-letra (como por exemplo: a forma que morre) e outras mais simbólicas. Mas ao nosso entender, é hoje, o nome universal do hobby, em que se colecionam miniaturas de carros feitos em ZAMAC, ou variações. Ainda na década de trinta, o fabricante mais importante foi a Dinky Toys, que em associação com a distribuidora Mecano, dominou o mercado com cópias de reproduções inglesas. Eram oferecidos diversos caminhões, e dois autos: um Simca 5 e um Peugeot 402.
Nos anos 40 a Dinky Toys teve como principal concorrente a Solido. Esta marca francesa teve seu reconhecimento através dos tempos e hoje uma antiga miniatura Solido é considerada uma peça valiosa. As miniaturas elaboradas pela Solido foram reconhecidas na Europa e América e ainda reviveram a função dos antigos modelos, sendo utilizadas pelo militares, em suas maquetes, durante a 2ª Grande Guerra Mundial.

 

Este bidecênio foi marcado pelo desenvolvimento a nível mundial do Die-cast Hobby. Nos anos 50, surgiram os “promos”, brindes promocionais de empresas e companhias, que presenteavam seus clientes com miniaturas que estampavam propagandas. A tecnologia para o uso do plástico é desenvolvida o que permite um avanço na confecção dos interiores dos modelos. Neste tempo a Dinky dilatou seu catálogo e ofereceucomo exemplo de autos americanos, modelos da Ford, Chrysler e Studebaker, e de europeus, como Citroën, Simca e Peugeot. Já a Solido, fabricou modelos da Ford, Fiat e Studebaker. Surgem as marcas CIJ e a Matchbox. Esta segunda é criada para substituir a Moko, que inicialmente, era a responsável pelas vendas dos automodelos da Lesney Products. Isto gera um impulso a mais no Die-cast Hobby.Durante os anos 60, consolida-se definitivamente a famosíssima Matchbox (marca que, como já mencionamos, pertencia originalmente ao fabricante inglês Lesney Products, e atualmente, pertence à Mattel) e que ficou eternizada pelos seus pequenos modelos (suas escalas variavam entre 1/55 e 1/62) de alta qualidade, que vinham dentro de “caixas de fósforos”. Quem não se lembra do famoso “molejo” da
suspensão dos pequenos Matchbox?! Ainda nesta década, a Solido, se tornou um verdadeiro mito do Die-cast Hobby. Ela introduz na sua linha de montagem os modelos de alta qualidade, na clássica escala 1:43. Sua influência do universo die-cast foi tão marcante que grandes colecionadores como, por exemplo, o escritor francês, Daniel  Puiboube, creditaram aos seus modelos na escala 1:43, importância tal, que foram considerados como o padrão de miniatura que estabeleceu a era moderna do Die-cast Hobby. Na segunda metade dos anos 60, foram produzidos, pela Roly Toys, modelos de carros nacionais que atualmente são raridades valiosas. Neste tempo também, a
Matchbox, Solido e Shuco instalam-se no Brasil, via Zona Franca de Manaus. Ao final da década começam a surgir os elementos básicos para a formação da cultura die-cast. Assim, aparecem clubes, lojas especializadas, revistas etc... Como exemplo, podemos citar a “Revista Quattroruonetine” publicada ao longo de quarenta anos, especializada
em metal automodelismo, ou mais adequadamente, die-cast.

 

Durante a década de 70, é reafirmada a importância da escala 1:43 como ideal para os modelistas die-cast e ocorre um grande incentivo a produção de modelos na escala 1:24, que pela antigüidade e qualidade de detalhes, passa a compartilhar o título de clássica com a escala 1:43. Ocorreu também, o deslocamento do polo de principais fabricantes de modelos die-cast para a Itália. Estabeleceram-se as especialidades temáticas como ideologia na  produção de miniaturas. Assim, os fabricantes optaram por oferecer no mercado miniaturas especializadas. Como exemplo, tivemos a Dugu reproduzindo automóveis clássicos, a Edil Toys, com autos de marcas italianas e Polystil (anteriormente Politoys), com bólidos de competição e clássicos europeus. Na segunda metade da década, surge
o embrião da Bburago, a Martoys.Com a Bburago, ocorre a terceira grande mudança no universo die-cast. A criação dos modelos na detalhadíssima escala 1:18, como o já legendário Rolls Royce Camargue, levou a um “BUM” mundial do Die-cast Hobby. A precisão, técnica e esmero empregados na elaboração dos modelos, derrubaram várias barreiras populares que freavam o crescimento da popularidade do “colecionismo de carrinhos-de-ferro”. As  miniaturas eram tão bem feitas, que colecionar deixava definitivamente de ser uma brincadeira de criança. Com isto, a Bburago se tornou no maior fabricante exclusivamente de metal automodelismo (die-cast). Ao final da década surge um pólo de concorrência asiático, a Maisto. Ela foi grande responsável pelo desenvolvimento da escala 1:24, levando um pouco mais acentuadamente que a Bburago, a precisão existente nos recentes modelos 1:18 à escala 1:24. Assim, seus modelos 1:24, lançados na década seguinte, foram verdadeiros primores e concorrentes fortíssimos aos produzidos pelos italianos.
Os anos 80 primaram pelo aumento da concorrência asiática. Surgiram inúmeros fabricantes made in China. A Sunnyside é um exemplo. Esta concorrência produziu dois efeitos. O primeiro muito negativo, porque gerou uma crise financeira que fechou vários fabricantes tradicionais. A Corgi, apesar de sua tradição de trinta anos no mercado, faliu e se tornou um exemplo disto. O segundo efeito, todavia, não foi ruim para os “hobistas” die-cast. Ele produziu uma baixa geral nos preços dos modelos, o que gerou a popularização definitiva do hobby, tornando possível a constituição de coleções populares (baratas).

 

Com a chegada dos anos 90, ocorre à consolidação definitiva dos modelos na escala 1:18. Surgem dezenas de novos fabricantes, muitos exclusivamente produtores de miniaturas da escala 1:18. Acontece um crescimento das marcas populares e das mais caras. É a democratização do hobby. Todas as classes de pessoas podem ser “hobistas”. Expande-se a Saico e Sunnyside. É estabelecida a New-Ray. Alguns antigos fabricantes voltam a ativa. São criados fabricantes top line como a Minichamps, que foi responsável por dar aos modelos 1:43 detalhes jamais vistos! No seu encalço aparece a Vitesse com o mesmo ou superior acabamento na clássica escala. Surge a UT Models, divisão da Minichamps especialista em 1:18. As super top line Franklin e Daunbury Mint, dão um incrível grau de confecção aos seus modelos. A Auto Art tenta obter grau de qualidade semelhante as Mint e com preços mais baixos. A Maisto torna-se um conglomerado mundial e o maior fabricante de miniaturas de ZAMAC (faz também aviões, helicópteros etc...) e o segundo maior de die-cast. A Matchbox, agora um selo da Mattel, atinge a marca de mais de 20.000
miniaturas fabricadas e seus pequeninos modelos também passam a serem tidos como clássicos! A Bburago exibe o maior catálogo de todos os tempos!
No Brasil, com a liberação das importações, começa uma expansão do Die-cast Hobby. Desenbarcam por aqui várias marcas: populares (ex. Sunnyside e New-Ray), medianas (ex. Bburago e Maisto) e top lines (ex. Minichamps e UT Models).Atualmente, com a alta diversidade de marcas e modelos die-cast, estima-se que são produzidos mensalmente cerca de 180 novos modelos. Com isto, os modelistas diecast vivem bom momento, resultado da herança da década passada, geradora de diversidade, e também, mais recentemente, das vantagens de acesso obtidas com desenvolvimento da Internet. Assim, podemos não só ampliar a história do colecionismo die-cast, como também desenvolvê-la em sua faceta cultural.Logo, é com tal intuito, que esta revista apresentou este breve relato, que longe de ser inédito, pois é uma síntese baseada em diversas fontes, pretende apenas servir como ferramenta divulgadora.